O dilema do FIRE
Durante a busca pela independência, podemos nos tornar ainda mais dependentes, o dilema do fire é acumular patrimônio, sem perder a paz.
A liberdade de tempo e o valor dado às experiências e às relações são as bases fundamentais do FIRE.
Por outro lado, quem acompanha a comunidade sabe que a conversa sobre dinheiro toma muita energia dos aspirantes ao FIRE.
As mudanças na economia, na estrutura social, na tecnologia, nos levam a um questionamento constante com relação a viabilidade da independência financeira.
Como equilibrar essas coisas? Como resolver o dilema do FIRE?
Queremos viver com qualidade, poucos bens materiais, em harmonia com as pessoas que gostamos.
Ao mesmo tempo, temos uma preocupação constante com relação à metas financeiras.
Ou seja, essa preocupação com dinheiro pode consumir a qualidade de vida ao longo do processo de acumulação.
Ou ainda, pode prejudicar a vida após o período de independência financeira.
A preocupação com relação a sustentabilidade das finanças, da possível necessidade de retornar para um mercado de trabalho cada vez mais difícil.
Portanto, a corrida para a independência financeira pode, facilmente, entrar para um território não saudável.
Os objetivos iniciais de viver novas experiências, valorizar o tempo, o aprendizado e as relações, podem ser prejudicadas pela preocupação com dinheiro.
Ou seja, exatamente o que estávamos tentando evitar.
Como escapar desse dilema?
Abrace a incerteza.
Você nasceu sem nada e irá morrer sem nada.
Dinheiro pode dar um pouco de liberdade, mas não muita.
Saúde, amizade, conhecimento e tempo, são fontes maiores de liberdade do que o próprio dinheiro.
Eu já viajei um pouco durante a minha vida.
A maior parte das vezes fiquei em Hostels, que além de serem uma opção barata, ainda facilitam muito a interação com pessoas de outras culturas.
Uma prática comum para os Hostels é receber pessoas dispostas a trabalhar, apenas pelo alojamento e comida.
Conheci pessoas que ficam anos migrando por diferentes países, trabalhando em hostels, aprendendo línguas, conhecendo pessoas.
Essas pessoas, normalmente não tem dinheiro nenhum, muitas vezes nem o dinheiro da passagem para retornar.
Ou seja, alguma coisa acontece com elas, para aceitarem esse nível de vulnerabilidade.
Algo que às vezes temos dificuldade em imaginar.
Porém, fazer isso durante a juventude, aprender novos idiomas e culturas, pode fazer com que se tenha uma visão mais ampla da vida.
Além disso, esse é um exercício real sobre a possibilidade de viver com pouco.
Viver dessa forma uma vida toda não é para todos, mas entender a importância de se viver com pouco parece valioso para todas as pessoas.
Uma pequena história pessoal
Certa vez eu estava na Itália e um amigo que estava vivendo como mochileiro por anos na Europa me convidou para pegar carona com ele.
Decidi aceitar, saí com pouco dinheiro e algumas roupas sujas na mochila.
O objetivo era conhecer esse estilo de vida e em algum momento achar uma lavanderia de baixo custo.
Estávamos perto de Treviso e a primeira parada seria Veneza.
Passamos bastante frio durante as quase duas horas que esperamos nas margens da rodovia até conseguir a primeira carona.
Logo na sequência conseguimos uma segunda, que nos deixou bem próximo da estação de Mestre, que é a parte continental logo na frente de Veneza.
Tivemos um bom tempo lá.
Mas, eu decidi radicalizar, juntar os poucos Euros que tinha e seguir para a Eslovênia, mais precisamente Liubiana.
E assim fui, apenas com o dinheiro para o trem.
A história poderia ter acabado mal.
Contudo, achei um hostel barato, pessoas hospitaleiras e conheci um pouco de uma cidade interessante.
Na hora de voltar, tive que me render.
Pedir o cartão de crédito emprestado de um amigo para comprar a passagem de volta.
Foi uma pequena aventura, que me ajudou na jornada para o autoconhecimento.
Ou seja, me ajudou a enfrentar de uma melhor forma o dilema do FIRE.
Consegui compreender um pouco melhor quais pontos eu poderia avançar, sem dinheiro.
Também descobri que algumas coisas não me deixam confortável.
Ou seja, tirando a parte de pedir dinheiro emprestado, todo o resto foi bom.
Comi apenas a comida do café da manhã incluso e não tive problema com isso.
Andei pela cidade por horas e horas e foi maravilhoso.
Quanto dinheiro é necessário para viver uma vida simples?
Muito menos do que estamos acostumados.
Portanto, é preciso ter em mente que não precisamos de muito.
Devemos nos lembrar diariamente que saúde, conhecimento e relacionamentos são os principais valores.
Do contrário, corremos o risco de nos lançarmos em uma jornada para a liberdade com os dois pés presos ao motor da roda dos ratos: dinheiro.
Muito obrigado por ler o post até aqui.
Nesse post eu falo um pouco sobre estoicismo e movimento FIRE.
Deixe seus comentários abaixo.
Abraço